Por Bruno Jardim
"O amor é a única coisa que transcende o tempo e o espaço."
Dr. Brand em Interestelar
Deus tem dois livros: um
obviamente é a bíblia sagrada. O outro é um livro que infelizmente a igreja não
está muito acostumada a examinar. Trata- se de um livro anterior a Bíblia.
Antes da Bíblia ser formada e concluída este “outro livro” já estava
disponível. Aliás, tal livro está pronto antes mesmo da formação do homem.
Quem tem os olhos espirituais
iluminados pela Graça de Deus é capaz de ler linha por linha e ter o
discernimento do que Deus fala por meio deste outro livro sem ser a Bíblia.
É graças a existência dele, que
não existe um só povo na terra para o qual Deus não tenha dado testemunho de Si,
ainda que a Bíblia nunca tenha chegado nas mãos deles. Não houve uma única
geração de seres humanos que não tenha recebido o testemunho de Deus através
deste outro livro. A que livro estou me referindo? Ao livro da natureza, o
livro da criação.
Isto não é de hoje, São Thomas de
Aquino, Agostinho e Lutero por exemplo, já recorriam ao livro da Criação para
nele encontrar a manifestação de Deus. Mas, de um tempo para cá a igreja foi se
abitolando e perdeu este contato com a natureza.
A igreja se tornou mística
demais. Se ouve falar de seres angélicas, querubins, serafins, arcanjos, sala
do trono, harpa e etc. Tudo isso é muito bonito, mas até que ponto este apego
da igreja nas coisas invisíveis não acaba nos desvencilhando daquilo que é
concreto. Deus se revela no concreto. Paulo foi veemente em sua epístola aos
Romanos quando ele diz que:
“Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o
seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas
coisas que estão criadas.” (Romanos
1:20)
Toda vez que olharmos para a Lua,
o Sol ou as estrelas, Deus poderá está falando conosco. Ele fala através do
arco íris, do vento, do mar, até por meio de um inseto! Nós é que não prestamos
atenção.
No quarto dia da criação Deus
resolve criar dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia (Sol)
e o menor para governar a noite (Lua). Durante este processo de criação, Ele
vai atribuindo funcionalidades para os luminares, tais como: iluminar a terra,
fazer separação entre o dia e a noite, servir de sinais, para tempos
determinados, para dias e anos. (Gênesis
1: 14 ao 19)
Tais luminares foram criados
com funções previamente determinadas e as vem cumprindo fielmente até
hoje.
Da mesma forma que o Pai colocou
o Sol e a Lua nos céus com funções previamente determinadas, assim também Ele “nos fez assentar nos lugares celestiais, em
Cristo Jesus." (Efésios 2:6).
"Para que agora, pela igreja, a
multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos
céus.” (Efésios 3:10)
ELE é o nosso Sol da
justiça (Malaquias 4:2). Aquele
que tem luz própria e é fonte de tudo. Partindo desse princípio, de que Deus é
o Sol da justiça e de que Nele estamos assentados nos céus, podemos atribuir
à Lua uma representação da Igreja.
A Lua não cria sua própria luz
como o Sol faz, mas brilha refletindo a luz que o Sol lança sobre ela.
Portanto, é perfeitamente aplicável atribuirmos as mesmas funções dos luminares
para a igreja nos dias de hoje. Assim como a Lua foi colocada na expansão do
céu para governar na noite e assim iluminar a Terra, da mesma forma a Igreja
tem a função de ser luz do mundo. (João
5:14)
No paraíso o homem desfrutava da
comunhão imediata com Deus, e mesmo assim ele consegue a proeza de pecar se
alienando da fonte de sua existência. Como consequência, o homem se viu
completamente perdido em meio às trevas da ignorância espiritual e toda a
humanidade mergulhou numa noite escura e duradoura. É neste cenário de
escuridão pós Queda, que a igreja é colocada para resplandecer como astro, no
meio de uma geração corrompida e perversa. (Filipenses
2:15)
Durante este período de trevas,
Deus deu a Sua Lei e enviou profetas para que provessem alguma luz para a
humanidade, servindo de guia: "O
mandamento é lâmpada, e a lei é luz; e as repreensões da correção são o caminho
da vida". (Provérbios 6:23)
A forma que ocorre está dinâmica
da Igreja no mundo é a mesma que a Lua aplica por meio do Perigeu e Apogeu.
Perigeu e Apogeu são dois conceitos da astronomia, que indicam a menor distância (perigeu) e a maior distância (apogeu) de um corpo celeste em relação ao planeta Terra.
Todos vivemos um perigeu e apogeu
existencial. Existem momentos que exigem de nós uma aproximação, e existem
momentos que nos exigem um afastamento.
“...e foi tarde e a manhã, o dia quarto.” (Gênesis 1:19)
A humanidade está em transição, passando
da tarde para manhã. De um período nebuloso para um amanhecer glorioso. Todo
momento de transição requer cuidado e aproximação. A humanidade necessita do “perigeu
da Igreja”.
Quando a lua se encontra no seu
perigeu, ela pode estar aproximadamente 50 mil quilômetros mais perto da terra
do que quando está no seu apogeu, o que modifica bastante a sua aparência. É
neste momento que somos brindados pelo seu brilho esplendoroso.
A dimensão física da Lua não
altera com o tempo, assim como o seu volume permanece igual. No entanto, o seu
aspecto pode mudar, dependendo da sua fase. Quando está mais perto da Terra
(perigeu), a Lua aparenta ser muito maior e mais brilhante.
Da mesma forma, o Amor de Deus
não muda, Nele não existe sombra de variação. Porém, a percepção que o mundo tem
deste Amor, depende da ação da Igreja. Se ela insistir em viver só para si, em
reter a Luz que tem recebido do Sol da Justiça e não a refletir no mundo, a
humanidade nunca terá acesso ao brilho deste Amor.
Quando a Lua se aproxima da
Terra, por meio do perigeu, é que acontecem as chamadas marés altas, ou seja, é
a aproximação da Lua que faz a maré subir. Por exemplo, no Egito tem o Rio
Nilo, a aproximação da Lua faz com que a maré do mar suba e inunde o Rio Nilo.
É como se a água que deveria ir em uma direção viesse na outra. Na cheia do Rio
Nilo, as terras são irrigadas e as plantações florescem. A aproximação da Lua
exerce poder no crescimento das plantações.
Da mesma maneira, a Palavra de
Deus diz que “a terra se encherá do
conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar.” (Habacuque 2:14)
Como este enchimento vai
acontecer? Quando a Igreja descer do seu apogeu, do seu “pedestal”, parar de
ficar dizendo ao mundo: “Venha!” O mundo não tem que vir, a Igreja tem que ir,
tem que se aproximar, ao invés de ficar esperando. Daí sim, toda a Terra se
encherá do conhecimento da glória do Senhor.
“E temos, mui firme, a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar
atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos
corações.” (II Pedro 1:19)
A ação do perigeu da Igreja, é
uma ação contingencial, ou seja, é pratica, necessária, mas não dura para
sempre. Tem prazo de validade, é até que o dia amanheça e estrela da alva (que
é Cristo) apareça. Lua é para governar a noite, passada a noite ela não se faz
mais necessária.
A mesma transição que a
humanidade, espiritualmente falando vive, cada indivíduo vive também. Todo ser
humano está em um processo de transição, de um entardecer para o amanhecer.
Portanto, ninguém pode abrir mão da presença de um perigeu, alguém que se
aproxime a fim de ajudar na condução deste processo transacional. É neste
momento que entra o Amor, que nos dá disposição de irmos além e onde os
frutos do Espírito Santo se revelam.
A aproximação não é para sufocar,
mas sim para tirar a pessoa do sufoco. Quando o propósito se cumpre, é o momento
de afastar, de sair de cena, é a hora do apogeu. Hoje infelizmente as pessoas
não percebem o tempo da vida: se afastam quando era para se aproximar, se
mantém próximas quando era para se afastar. Para tudo há um tempo determinado e
há tempo para todo propósito debaixo da Terra, tem o tempo de juntar e o tempo
de espalhar. (Eclesiastes 3)
O Amor como Força Gravitacional
Foi Isaac Newton, pai da Física,
que descobriu uma das forças mais misteriosas da natureza. Reza a lenda que ele
estava descansando do almoço debaixo de um pé de maça, quando uma maçã
despencou na cabeça dele e ele se perguntou: porque que as coisas quando não
estão presas, não ficam flutuando, mas caem? Que força é essa que puxa e atrai?
Ele descobriu então a força da gravidade.
Desde Isaac Newton para cá,
homens como Einstein e tantos outros se debruçaram sobre isso e até hoje
ninguém deu conta de entender como a gravidade funciona. Mas afinal, o que está
por de trás da gravidade? O que se sabe é que corpos maiores atraem corpos
menores.
O que faz com que a Lua esteja
presa à órbita da Terra é o fato da terra ser um corpo maior. Logo, a Lua gira
em torno da Terra e não consegue se desprender, ela é atraída pela gravidade da
Terra, mas não cai. O mesmo ocorre com a Terra em relação ao Sol. É a gravidade
do Sol que mantém a Terra em sua órbita.
Um dia chega um doutor da lei até
Jesus querendo saber o que precisava fazer para herdar a vida eterna. A
reposta para isto é simples: Amar a Deus acima de tudo e o próximo como a ti
mesmo. Mas a questão é: quem é o meu próximo? Em outras palavras, a quem tenho
obrigação de amar?
Jesus então vem com uma parábola:
“Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos
salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o
meio morto. E, ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e,
vendo-o, passou de largo. E de igual modo também um levita, chegando àquele
lugar, e, vendo-o, passou de largo. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou
ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de
íntima compaixão; E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes
azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu animal, levou-o para uma estalagem, e
cuidou dele.” (Lucas 10:34)
Jesus termina perguntando para
aquele homem: “Qual, pois, destes três te
parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores? E ele
disse: O que usou de misericórdia
para com ele. Disse, pois, Jesus: Vai, e faze da mesma maneira.” (Lucas 10:36,37)
A gravidade representa a mais
poderosa lei do universo, a saber, o amor. O amor atrai! Não devemos esperar
que alguém se aproxime de nós, mas sim deixarmos nos atrair em direção ao
outro, é isso que o Amor faz.
"...cada um considere os outros superiores a si mesmo.” (Filipenses 2:3)
Quando olhamos para outro com as
lentes do amor, o enxergamos com sendo superiores a nós mesmos. Lembre-se- se
que na lei da gravidade corpos maiores atraem corpos menores e os mantém presos
uns aos outros. Da mesma forma, quando considero o outro como sendo superior a
mim mesmo, ele ganha status de corpo maior, logo exerce sobre mim uma espécie
de “força gravitacional do amor”, onde somos atraídos e movidos para servir uns
aos outros, gerando assim uma relação recíproca. O Amor sempre toma a iniciativa!
Nos leva a viver uma aproximação (perigeu) e nesta aproximação que o brilho da
glória de Deus é manifestado.
Chegará o momento do Apogeu, onde
falaremos como Paulo: “Combati o bom
combate, acabei a carreira, guardei a fé.” (II Timóteo 4: 7) Até lá, temos muito trabalho para fazer, pois “a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus.
Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do
que a sujeitou, Na esperança de que também a mesma criatura será libertada da
servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.” (Romanos 8: 19-21)
O apogeu virá por meio do perigeu,
o caminho para glória passa pela humildade.
3 comentários:
Eu só peço que a luz de D-S dissipe a escuridão. Que o Seu divino olhar divino
Rebrilhe em todos nós. Eu quero a luz, pois sem ela eu não posso enxergar quem está a minha frente e praticar o amor que D-S nos ensinou.
Interessante a questão da gravidade onde o um corpo maior atrai um menor. Eis a prova cabal de que o maior e o menor foram feitos para se atrairem e não para se destruírem. Imaginem o que será do mundo se o maior atrair e não trair ou usar o menor? Uma simples atitude dessa muda o mundo é só abrir mão do orgulho. Paz, Fabio
Texto maravilhoso! Linda reflexão!
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