Por Bruno Jardim
Confesso
que esta é uma das passagens mais enigmáticas e surpreendentes, pois trata- se
da reconciliação do “Transcendente” com o “Imanente”, do “Infinito” com o
“Finito”, da “Eternidade” com o “Tempo”, do “Céu” com a “Terra”.
Na lógica humana o desperdício ocorre com o transbordamento. Depois disto não adianta chorar pelo leite derramado, já era! Para evitar tal desperdício, procuramos concentrar, não colocar mais do que o objeto possa suportar.
“Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs a
eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir a obra que Deus
fez desde o princípio até ao fim.”
Eclesiastes
3:11
Dentro de minha cabecinha
não faz a menor lógica ou pelo menos não consigo compreender como é possível
colocar a eternidade dentro do coração do homem. Seria como colocar um oceano
dentro de um copo d’água, ou pegar as estrelas do céu e aprisiona-las em um
celeiro.
Mas,
quando olho para a pessoa de Cristo e a sua maneira de agir, logo percebo que
tudo é possível. Ele mesmo
subverteu as leis biológicas, químicas e físicas ao nascer de uma virgem, ao
transformar água em vinho e ao andar por sobre as águas respectivamente.
Portanto, essa maneira louca e subversiva de agir é normal e pode ser explicada
única e exclusivamente pela Graça de Deus.
O
Deus que é Amor age por Graça. ELE
não é dado a desperdício, tudo o que faz atinge o seu alvo. A Graça é o funil usado por Deus para que nada seja
desperdiçado.
Veja,
quando nós não queremos desperdiçar algum líquido, tomamos cuidado para que o
mesmo não transborde o recipiente em que esta sendo depositado.
Na lógica humana o desperdício ocorre com o transbordamento. Depois disto não adianta chorar pelo leite derramado, já era! Para evitar tal desperdício, procuramos concentrar, não colocar mais do que o objeto possa suportar.
Na
lógica do amor de Deus é justamente o contrário. Ele faz questão de colocar a
eternidade dentro do nosso coração, o infinito dentro de uma estrutura finita! No Reino de Deus o desperdício esta
justamente na concentração e o aproveitamento no trasbordamento.
Na
oração do Pai Nosso aprendemos que a vontade de Deus deve ser feita assim na
Terra como no Céu. Ou seja, é o Céu
que influência a Terra, da mesma forma é a Eternidade que influência o
Tempo é o Infinito que influência o Finito.
Afinal
o que significa ter a eternidade no coração? Uma resposta superficial diria:
“Garantir o meu lugar na eternidade, ter uma vaga no céu \o/”. Hum... Resposta
incompleta!
Ter
a eternidade no coração é ter o próprio Deus dentro dele, afinal Ele é o Pai da
Eternidade. Mas, ainda podemos abranger um pouquinho mais... Pois ao
enxergarmos somente deste prisma o ”Transcendente” ainda estará divorciado do
”Imanente”.
Quando
percebo que o Pai da Eternidade também é Amor, passo a ter uma visão holística
deste fato. É o Amor que promove a reconciliação do Transcendente com o Imanente, é ele que dá sentido a vida! É
o Amor que trás o Céu para o Chão!
Em
Cristo, Terra e Céu convergem (Efésios 1:10) ! Na pessoa de Jesus, o
Transcendente se torna Imanente.
A
Cruz foi o beijo de amor que
promoveu a reconciliação entre o Tempo e a Eternidade, entre o Finito e o
Infinito.
Portanto,
ter a eternidade dentro do coração é viver
uma vida que extrapole a nossa própria existência. É não viver somente para si, mas
deixar que a seiva da vida transborde nossos corações e atinja a todos em nossa
volta. É ser resgatado da nossa vã maneira de viver que por tradição recebemos
de nossos pais (1 Pedro 1:18). É viver em Amor e para Amar!
O
problema é que construímos a represa do egoísmo, do amor próprio que nos faz
diariamente preservar aquilo que nos foi depositado, pois atribuímos ao Amor à
lógica humana de preservação que consiste em concentrar, guardar e poupar.
Logo, o nosso coração serve de diques a fim de represar a eternidade que ELE
depositou.
Neste
sentido, eu desejo viver prodigamente! Que
a eternidade de Deus ecoe dentro do tempo, não faço questão de conter. A Graça é o Amor que não cabe em
mim, somos pequenos demais para contermos a abundância da vida que em nós
foi depositada.
Lembro-me
da angústia do gênio da lâmpada mágica no filme de Aladdin, ele dizia: “Poderes
cósmicos fenomenais! Dentro de uma lampadazinha...”(rs)
Não
fazia sentido para ele ter poderes infinitos, estando confinado a viver dentro
da estrutura finita e apertada da lâmpada, foi necessário que seu amo Aladdin
utiliza-se seu terceiro desejo mágico para libertar o gênio daquela lâmpada.
Da
mesma forma, muitos de nós estamos confinados na “lâmpada mágica” de nosso coração, sem saber que foi para liberdade que Cristo já nos libertou (Gálatas 5:1). Não precisamos mais
viver para nós mesmos, confinados, ilhados e presos. O fato Dele depositar Seu Infinito Amor em nosso Finito
coração é de forma proposital
é para transbordar e alcançar a todos!
Quando
rompemos com nossas fronteiras, fica impossível para o homem descobrir a obra
que Deus fez deste o princípio até o fim. Perdemos
o controle do agir da Vida em nós! Cabendo
ao funil da Graça distribuir a dádiva da eternidade dentro do tempo, de geração
em geração, dando a cada um o que lhe é de direito e promovendo a paz na Terra
aos homens de boa vontade.
A
eternidade depositada em nosso coração é uma ordem para vivermos uma vida
transbordante em Amor, para que haja Justiça, e exista Paz!
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