sexta-feira, janeiro 2

Sr.Madruga tinha razão ...

“Não há nada mais trabalhoso do que ficar sem trabalhar.”

Essa frase acima citada foi dita pelo Sr.Madruga, o famoso personagem do seriado Chaves, interpretado por Ramón Valdés. E não é que esse camarada me fez refletir sobre um dos principais problemas na nossa relação com Deus. Algo que Martinho Lutero já havia percebido, e isso fica claro na sua frase “Deixe Deus ser Deus “. Sempre queremos dar uma forcinha, mas sempre para que no final tenhamos uma parte da glória, mas isso ELE não divide com ninguém.


Por mais que o meu insight tenha vindo com este personagem engraçado, gostaria de explorá-lo melhor.


O assunto me remete ao famoso episódio de Caim e Abel, vejamos:


Gênesis 4 – 1 ao 5.


“E CONHECEU Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu e deu à luz a Caim, e disse: Alcancei do SENHOR um homem.E deu à luz mais a seu irmão Abel; e Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra.E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao SENHORE Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta.Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante".


Abel era pastor e Caim era lavrador da terra. Duas atividades principais da época. Alguns dizem que Caim ofereceu o resto para Deus. Mas tendo uma visão holística da situação, não é essa a conclusão que eu chego.


Vamos tentar aqui descrever a atividade de um lavrador da terra. Com certeza não era algo fácil, Caim ralou e ralou muito para fazer com que a terra lhe desse fruto. Foram dias passados debaixo de muito Sol e de chuva, houve ali toda uma dedicação do seu tempo e de suas forças, aplicação de tecnologia para que ele produzisse de sua cultura aqueles frutos, ou seja, Caim intervinha diretamente no processo de produção da terra.


Já Abel era pastor, e como tal era responsável por alimentar as ovelhas, dar de beber, uma vez ou outra espantar os lobos, propiciar um bom terreno para as ovelhas se desenvolverem, diferentemente de Caim, ele não precisa intervir no processo de produção da criação, ela mesma por si só gerava vida.


E quando comparamos a aparência das ofertas, notamos que Caim ofereceu diante do altar frutos, com certeza era uma bela imagem, aqueles frutos multicoloridos, gerava uma cena de real beleza, talvez ele tinha em mente chamar a atenção de Deus, assim como seus pais foram atraídos pela beleza do fruto proibido. Já esteticamente falando a de Abel era bem menos atraente, pois havia sangue, foi a imolação de um animal. Aos olhos humanos a oferta de Caim era muito mais aprazível.


A oferta de Caim é uma produção da terra.

Ela afirma a sua potência, sua autoconfiança, seu esforço, seu trabalho.


A de Abel é uma produção da Vida, da confiança na vida, afirma sua impotência. E diz que alguém precisava morrer, derramar o sangue em seu lugar, do contrário ele não teria como agradar a Deus.


A primeira oferta implica em trabalho esforço, já a segunda implica em fé, descanso e em confiança.


Neste cenário identificamos dois tipos de espiritualidades: a terrena e a da fé.


A terrena é proveniente da mão do homem, e é através do seu esforço e trabalho que ela é gerada. É o homem intervindo para gerar frutos, esse tipo de espiritualidade nada mais é do que a religião, ou seja, a maneira de se chegar a Deus por meios próprios. Ela esta concentrada única e exclusivamente no homem, nos seus méritos, e ele acha que com isso pode se arrogar e chegar com créditos perante Deus.


Já a da fé, é proveniente dos Céus, ela não sofre nenhuma intervenção humana, ela é genuinamente pura, e não vem através de esforços, mas sim através do descanso, do esperar em Deus.


A terrena trabalha com improvisos e com paliativos, já a da fé trabalha com provisão e com definição. Pois o cordeiro foi imolado antes da fundação do mundo. Abel no tempo e no espaço, apenas esta engravidado por esse espírito, por esta certeza, e como uma iiluminação espiritual dessa verdade eterna, ofereceu um sacrifício que carregava consigo a semente do cordeiro que haveria de manifestar historicamente na Cruz.


Confie NELE, pois NELE esta o amém para todas a coisas, Está consumado. Que tal pararmos um pouco e ouvirmos a voz de Deus. ELE já nos abençoou com todas as sortes de bênçãos, basta eu e você nos colocarmos na rota de colisão destas bênçãos. E para isso precisamos nos acalmar, não há esforço maior para o homem do que ficar sem fazer esforço, e hoje Deus nos chama para descansar na oferta de Abel, é entregar o nosso caminho ao Senhor, confiar NELE e o mais ELE fará, assim como fez Abel com seu rebanho, ele apenas entregou a criação a função de procriar, deixe que o macho cruze com a fêmea naturalmente, deixe Deus agir, eu não preciso meter a mão na terra e produzir frutos provenientes das minhas mãos, eu preciso reconhecer a minha fraqueza, pois o Poder DELE opera na minha fraqueza e a Sua Graça me basta.


È quando paramos de nos esforçar e entramos no descanso de Deus, que damos espaço para o querer e o efetuar DELE, agora ELE age através de nós.


Glória a Deus, pois disse Jesus: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (João 5:17). Não dependemos da força do nosso braço, mas sim do poder de Deus que opera em nós através do Seu Espírito Santo. Mas para ter acesso a tal poder precisamos descansar NELE. Portanto se esforce em não trabalhar.



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