sexta-feira, setembro 4

O Processo da Vida



Por Bruno Jardim

“Dá-me, pois, agora, sabedoria e conhecimento, para que possa sair e entrar...”
Rei Salomão em 2 Crônicas: 1:10ª

A vida é um processo, ela tem uma sequência contínua de fatos, tem andamento, desenvolvimento, um decurso e um curso. Logo, como todo Processo ela também possui Entrada, Processamento e Saída.

Em termos de processo, de forma bem superficial, podemos dizer que:

Entrada é o insumo, é aquilo que será transformado;
Processamento é o que se usa para transformar;
Saída é o resultado do insumo transformado.

Todo processo implica em transformação, é um “De x Para”, é sair de um ponto presente (As Is)  e ir para um ponto futuro (To Be).  

Diante disto, que tal refletirmos sobre o que temos esperado de resultado da vida? Quais insumos temos utilizado como entrada? Onde estamos “rodando” o nosso processamento existencial?

É necessário fazer um diagnóstico de como estamos hoje, pois isto é fundamental para determinar onde estaremos amanhã.

“Navegar é preciso, viver, não é preciso.”  

Esta frase, atribuída a Fernando Pessoa, na verdade foi dita pelo general romano Pompeu (106-48 A.C), diante de marinheiros com medo de uma tempestade, originalmente “Navigare necesse; vivere non necesse!”  Ambos queriam dizer a mesma coisa. O general Pompeu anunciou aos subordinados temerosos: “É necessário navegar, viver não é”. Já Fernando Pessoa escreveu literalmente: “Viver não é necessário; necessário é criar.”  

Existe um grande risco de vivermos a “síndrome do Zeca Pagodinho”, deixando a vida nos levar (vida leva eu). Quem assim o faz, se entrega “ao deus dará”, não vigia o que tem entrado em sua vida, desconhece o como se está processando e tão pouco sabe para que servirá o resultado gerado.    

Na Bíblia encontramos 2 (dois) tipos de Entradas, 2 (dois) tipos de processamentos e 2 (dois) de saídas para a nossa jornada de vida. Que tal conhece-los? Tenho certeza que este conhecimento é fundamental para o nosso processo existencial de criação.

Vamos a eles:

Tipos de Entradas

“Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela”. (Mateus: 7: 13)   

Neste versículo nos deparamos com os 2 (dois) tipos de Entradas, a saber, a Porta Estreita e a Porta Larga.

A Porta Larga é a verdadeira porta dos desesperados e das necessidades. Nesta porta existe espaço para tudo. Ela é condescendente e imprudente, aceita qualquer insumo, entra por ela qualquer coisa e não se importa com o propósito. Seu caminho espaçoso, distrai a retina e retira o foco. Paradoxalmente, proporcionar uma visão míope nos levando a cair em um abismo. O velho homem é bem-vindo e tem espaço de sobra para passar e aprontar.

A Porta Estreita é a verdadeira porta da esperança e dos propósitos. Nesta porta não existe espaço para concessões. Ela é rigorosa e criteriosa, não aceita qualquer insumo, só entra por ela o que está atrelado ao propósito. Seu caminho apertado mantém a retina reta e focada.  Paradoxalmente, proporciona uma visão ampla nos levando a vislumbrar um horizonte ilimitado. O velho homem não é bem-vindo, só existe espaço para o novo homem passar. O velho homem se por ela quiser entrar, na Cruz pregado deve estar.


Tipos de Processamentos

“E desci à casa do oleiro, e eis que ele estava fazendo a sua obra sobre as rodas,
 como o vaso que o oleiro fazia de barro se lhe estragou na mão, tornou a fazer dele outro vaso, segundo bem lhe pareceu.”
(Jeremias 18: 3-4)

“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se assenta no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” (Salmos 1:1)

Nestas duas passagens nos deparamos com os 2 (dois) tipos de Processamentos, a saber, a Roda do Oleiro e a Roda dos Escarnecedores.

A Roda dos Escarnecedores é lugar de paralisação, nela a obra fica embargada e o atrofiamento é permanente. Fica estagnada no tempo, não avança e tão pouco se prepara para o por vir. A massa é endurecida sem nenhuma capacidade de se recriar, confia em seu próprio emburrecimento. Aqui é o lugar para “quem tem a velha opinião formada sobre tudo”. Onde nos contentamos com o que se aprendeu até então. Nela pra quem é, bacalhau basta. Ela não tem formas, mas apenas uma fôrma para conformar. É lugar para se assentar.  

A Roda do Oleiro é lugar de movimento, nela a obra é processada e o aperfeiçoamento é contínuo. Não fica estagnada no tempo, mas avança e se prepara para o por vir. A massa é moldável e tem um poder de se reinventar, confiante na criatividade do oleiro. Aqui é o lugar para as “metamorfoses ambulantes”, onde somos desafiados constantemente a aprender a desaprender para reaprender.  Ela não tem fôrmas, mas sim diversas formas para transformar. É lugar para se exercitar.

Tipos de Saídas

“Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela”. (Mateus: 7: 13)   

Retornei para esta passagem pois nela nos deparamos com os 2 (dois) tipos de Saídas, a saber, a Perdição e a Vida.

Perdição é tornar vão, é solidão, não tem rumo. Desconhece de onde vem e pra onde vai. Desconhece os motivos e efeitos, não sabe o “por que” e tão pouco o “pra que”. Não tem relevância, é inútil e nulo. É enferma e efêmera.   

Vida é fazer valer a pena, é comunhão, tem rumo certo. Conhece bem de onde vem e pra onde vai. Conhece os motivos e efeitos, sabe o “por que” é acima de tudo o “pra que”. Tem relevância, é útil e válida. É saudável e eterna.

Diante de tudo aqui exposto, fica claro que uma vida só tem sentido se entrar pela porta estreita, se deixar processar na roda do oleiro e sair para a vida.

Precisamos resgatar esta visão processual da vida.  

Para tal, permita-se questionar o status quo, não seja um soldadinho de chumbo, não compre pacotes fechados e formatados. Ressuscite a criança questionadora e curiosa que existe dentro de você. Curiosidade e Criatividade são gêmeas siameses. A primeira nos leva a conhecer, a segunda nos leva a fazer acontecer.

A conformidade e as rotinas servem para manter adormecida a criança questionadora e revolucionária que carregamos dentro de nós. Não é à toa que Jesus afirma que senão nos tornarmos como criança, de modo algum entraremos no reino dos céus. (Mateus 18:3)

A criança tem sede de sentido.

Existe uma canção da Palavra Cantada, chamada: “Toda criança quer”.Veja o refrão dela e observe que a mesma sabedoria e conhecimento que Salomão pediu a Deus para saber sair e saber entrar, é o que toda criança e todo mundo deseja:

“Toda Criança Quer
toda criança quer crescer,
toda criança quer ser um adulto...

E todo adulto quer,
e todo adulto quer crescer,
para vencer e ter acesso ao mundo...

E todo mundo quer,
e todo mundo quer saber:

De onde vem, pra onde vai.
Como é que ENTRA, como é que SAI.
Por que é que sobe, por que é que cai.
Pois todo mundo quer....”

Você abre mão desta sabedoria processual?

Eu não!




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