sábado, agosto 8

A Cruz e seu efeito Buraco de Minhoca



Por Bruno Jardim


 Todos concordam que a distância é algo relativo. Hoje o mundo está conectado, podemos viajar para qualquer lugar do planeta, basta um clique e pronto: a distância é relativizada. O que era longe se torna perto, o desconhecido se torna íntimo. Por conta dos meios de transportes o tempo de viagem também foi reduzido drasticamente quando se comparado ao passado.

Portanto, a distância vem se relativizando ao longo do tempo e assim continuará.

É interessante notar que para ciência a distância é o espaço entre dois corpos, já na mente a distância é o espaço emocional, ele não é físico e não pode ser medido. Podemos estar sozinhos, mas sem se sentir sós. Da mesma forma, podemos estar no meio de uma multidão, mas nos sentindo sós. (Quem nunca se sentiu assim?)

Existe uma teoria da física chamada “O Buraco de Minhoca”, muito explorada em filmes de ficção científica como: Stargate, Interstelar e Planeta dos Macacos, este Buraco de Minhoca liga dois pontos diferentes no espaço-tempo e serve como atalho no espaço oferecendo um meio de voltar no tempo ou até mesmo de cruzar dimensões.

Basicamente, essa teoria diz que o espaço-tempo pode ser “dobrado”, possibilitando que um corpo pule de uma parte para outra do universo num piscar de olhos!

Para entender melhor isto, dobre uma folha de papel ao meio e passe uma caneta através dela. A folha é o espaço. Um ponto de um dos lados dela é a Terra; um ponto do outro lado é uma galáxia distante. O furo que você fez com a caneta é o Buraco de Minhoca.

A ideia de Buraco de Minhoca é bem interessante e existem várias teorias que mostram a possibilidade real de utiliza-los, como um portal (Uau! Já pensou nisso?), mas a maioria dos físicos teóricos modernos são bem conclusivos: é quase impossível utilizar um Buraco de Minhoca (Puxa, estragaram a brincadeira!). 

Se de maneira Astrofísica ainda não descobriram uma maneira de utilizar um Buraco de Minhoca, eu me atrevo a dizer que de maneira Existencial é possível viver seus efeitos e isto, graças a Cruz de Cristo!

Vamos tomar o mesmo exemplo a pouco citado, mas trazendo para a nossa existência: a folha é a nossa vida. Um ponto de um dos lados dela é o nosso eu; um ponto do outro lado é uma pessoa distante. O furo feito com a caneta é a Cruz de Cristo.  

Antes da Cruz não tínhamos outra referência senão o nosso próprio eu. O pecado cegará o homem com o egoísmo, era impossível enxergar além do seu próprio umbigo. Perdemos o propósito da nossa existência, que é viver para Deus e para o Próximo e passamos a viver para nós mesmos e assim “todos nós também outrora andávamos nas cobiças da nossa carne, fazendo as vontades da carne e dos pensamentos...” (Efésios 2:3).

A humanidade foi divorciada de Deus e dos homens, cada um ficou preso em uma dimensão do espaço, sem qualquer tipo de aproximação, condenados a viver uma vida vã centrada em si mesmo.

Porém, mesmo Ele “...sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz”. (Filipenses 2:6-8)

“fazendo-se semelhante aos homens...”

Aprouve a Deus intervir neste cenário: ao enviar seu Filho motivado pelo Amor, o eterno entrou no tempo, neste momento a folha da existência foi dobrada! Valores até então perdidos no tempo e no espaço vieram até nós pela pessoa de Cristo, tais como a justiça e o amor.  

Se o Pecado nos Desconecta/Distância, o Amor nos Reconecta/Aproxima!

Este amor é tão grande que ainda foi além, não bastava somente dobrar a folha da vida, precisava rasga-la! Pois se fazia necessário também desobstruir o caminho, tornar acessível o encontro entre os dois pontos até então distantes.

sendo obediente até à morte, e morte de cruz...”

A Cruz  rasgou a folha dobrada da nossa existência. Tornando possível a ligação entre dois pontos distantes e diferentes no espaço – tempo. Abrindo um novo e vivo caminho! Ela nos salva de nós mesmos, nos liberta dos tentáculos do nosso eu e nos lança para Deus e para o próximo.

Por isso que o Amor nos ordena a amar ao nosso próximo e semelhante. Ele não fala nada em amar o distante e o diferente, pois simplesmente estes não existem mais.

Ele Aproxima o Distante e torna o Diferente em Semelhante. O véu do preconceito e da indiferença foi totalmente rasgado!

A Cruz redime nossa distância mental e física, sua haste vertical representa nossa reconexão mental, nos devolvendo para Deus, e de quebra nos presenteando com a mente de Cristo. Enquanto que sua haste horizontal representa nossa reconexão com o próximo, sem preconceitos tratando- o como um semelhante.    

Se a Encarnação dobrou a folha e Sua Crucificação a rasgou, podemos dizer que Sua Ascensão e consequentemente o derramamento do Seu Espirito Santo nos impeliu a irmos em direção ao outro, nos fornecendo o combustível para viajarmos por este novo caminho aberto, pois agora, “Nele vivemos, e nos movemos, e existimos...” (Atos 17:38)

Portanto, o Verbo se fez carne para nos habilitar a conjuga-lo para além da 1ª pessoa do singular. É abandonar a superfície da subjetividade do "Eu" e mergulhar nas profundezas da objetividade do "Eles". 

Para isto, não precisamos viajar no tempo, nas dimensões via um Buraco de Minhoca, a Cruz nos basta, então: faça bom uso dela e boa viagem!  

Um comentário:

Maria Hilda disse...

Muito bom seu texto. Totalmente de acordo com cada palavra. E assim será a sua vinda; a vinda do Filho do Homem, num abrir e fechar de olhos e estaremos com Ele pra sempre e sempre. De eternidade a eternidade.