Por Bruno Jardim
Todos concordam que a distância é algo relativo. Hoje o mundo está conectado, podemos viajar para qualquer lugar do planeta, basta um clique e pronto: a distância é relativizada. O que era longe se torna perto, o desconhecido se torna íntimo. Por conta dos meios de transportes o tempo de viagem também foi reduzido drasticamente quando se comparado ao passado.
Portanto, a distância
vem se relativizando ao longo do tempo e assim continuará.
É interessante notar
que para ciência a distância é o espaço entre dois corpos, já na mente a
distância é o espaço emocional, ele não é físico e não pode ser medido. Podemos
estar sozinhos, mas sem se sentir sós. Da mesma forma, podemos estar no meio de
uma multidão, mas nos sentindo sós. (Quem nunca se sentiu assim?)
Existe uma teoria da
física chamada “O Buraco de Minhoca”, muito explorada em filmes de ficção
científica como: Stargate,
Interstelar e Planeta dos Macacos, este Buraco de Minhoca liga dois pontos
diferentes no espaço-tempo e serve como atalho no espaço oferecendo um meio de
voltar no tempo ou até mesmo de cruzar dimensões.
Basicamente, essa
teoria diz que o espaço-tempo pode ser “dobrado”, possibilitando que um corpo
pule de uma parte para outra do universo num piscar de olhos!
Para entender melhor
isto, dobre uma folha de papel ao meio e passe uma caneta através dela. A folha
é o espaço. Um ponto de um dos lados dela é a Terra; um ponto do outro lado é
uma galáxia distante. O furo que você fez com a caneta é o Buraco de Minhoca.
A ideia de Buraco de
Minhoca é bem interessante e existem várias teorias que mostram a possibilidade
real de utiliza-los, como um portal (Uau! Já pensou nisso?), mas a maioria dos
físicos teóricos modernos são bem conclusivos: é quase impossível utilizar um Buraco
de Minhoca (Puxa, estragaram a brincadeira!).
Se de maneira
Astrofísica ainda não descobriram uma maneira de utilizar um Buraco de Minhoca,
eu me atrevo a dizer que de maneira Existencial é possível viver seus efeitos e
isto, graças a Cruz de Cristo!
Vamos tomar o mesmo
exemplo a pouco citado, mas trazendo para a nossa existência: a folha é a nossa
vida. Um ponto de um dos lados dela é o nosso eu; um ponto do outro lado é uma
pessoa distante. O furo feito com a caneta é a Cruz de Cristo.
Antes da Cruz não
tínhamos outra referência senão o nosso próprio eu. O pecado cegará o homem com
o egoísmo, era impossível enxergar além do seu próprio umbigo. Perdemos o
propósito da nossa existência, que é viver para Deus e para o Próximo e
passamos a viver para nós mesmos e assim “todos
nós também outrora andávamos nas cobiças da nossa carne, fazendo as vontades da
carne e dos pensamentos...” (Efésios
2:3).
A humanidade foi
divorciada de Deus e dos homens, cada um ficou preso em uma dimensão do espaço,
sem qualquer tipo de aproximação, condenados a viver uma vida vã centrada em si
mesmo.
Porém, mesmo Ele “...sendo em forma de Deus, não
teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a
forma de servo, fazendo-se
semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e
morte de cruz”. (Filipenses
2:6-8)
“fazendo-se
semelhante aos homens...”
Aprouve a Deus
intervir neste cenário: ao enviar seu Filho motivado pelo Amor, o eterno entrou
no tempo, neste momento a folha
da existência foi dobrada! Valores até então perdidos no tempo e no
espaço vieram até nós pela pessoa de Cristo, tais como a justiça e o amor.
Se o Pecado nos
Desconecta/Distância, o Amor nos Reconecta/Aproxima!
Este amor é tão
grande que ainda foi além, não bastava somente dobrar a folha da vida,
precisava rasga-la! Pois se fazia necessário também desobstruir o caminho,
tornar acessível o encontro entre os dois pontos até então distantes.
“sendo
obediente até à morte, e morte de cruz...”
A Cruz rasgou
a folha dobrada da nossa existência. Tornando
possível a ligação entre dois pontos distantes e diferentes no espaço – tempo.
Abrindo um novo e vivo caminho! Ela nos salva de nós mesmos, nos liberta dos
tentáculos do nosso eu e nos lança para Deus e para o próximo.
Por isso que o Amor
nos ordena a amar ao nosso próximo e semelhante. Ele não fala nada em amar o
distante e o diferente, pois simplesmente estes não existem mais.
Ele Aproxima o
Distante e torna o Diferente em Semelhante. O véu do preconceito e da
indiferença foi totalmente rasgado!
A Cruz redime nossa
distância mental e física, sua haste vertical representa nossa reconexão
mental, nos devolvendo para Deus, e de quebra nos presenteando com a mente de
Cristo. Enquanto que sua haste horizontal representa nossa reconexão com o
próximo, sem preconceitos tratando- o como um semelhante.
Se a Encarnação
dobrou a folha e Sua Crucificação a rasgou, podemos dizer que Sua Ascensão e
consequentemente o derramamento do Seu Espirito Santo nos impeliu a irmos em direção
ao outro, nos fornecendo o combustível para viajarmos por este novo
caminho aberto, pois agora, “Nele
vivemos, e nos movemos, e existimos...” (Atos
17:38)
Portanto, o Verbo se
fez carne para nos habilitar a conjuga-lo para além da 1ª pessoa do singular. É
abandonar a superfície da subjetividade do "Eu" e mergulhar nas
profundezas da objetividade do "Eles".
Para isto, não
precisamos viajar no tempo, nas dimensões via um Buraco de Minhoca, a Cruz nos
basta, então: faça bom uso dela e boa viagem!
Um comentário:
Muito bom seu texto. Totalmente de acordo com cada palavra. E assim será a sua vinda; a vinda do Filho do Homem, num abrir e fechar de olhos e estaremos com Ele pra sempre e sempre. De eternidade a eternidade.
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