quarta-feira, agosto 26

A Pomba e o Corvo



Por Bruno Jardim

Já haviam se fechado as comportas dos céus, a copiosa chuva se deteve, as águas iam- se escoando e a arca conseguiu repousar sobre as montanhas de Ararate. Noé não estava mais à deriva, agora ele podia observar as águas indo minguando até aparecer os cumes dos montes. Enfim, após quarenta dias sobre a terra, o dilúvio havia acabado.

Uma nova etapa era iniciada, agora era o momento de sair da arca, mas antes deste importante passo, Noé precisava certificar-se de que a terra estava em condição de recebe-lo, bem como sua família e os animais. 

Para tal, ele resolve soltar um corvo com a missão de sondar as condições da terra e lhe trazer um parecer, alguma evidência de que as águas teriam já minguado da superfície da terra.

E assim, “Ao cabo de quarenta dias, abriu Noé a janela que fizera na arca e soltou um corvo, o qual tendo saído, ia e voltava até que se secaram as águas de sobre a terra.” (Gênesis 8:6-7)  

Nóe não calculou bem os riscos de delegar para um corvo a nobre missão de trazer um parecer sobre as condições da terra. Simplesmente o corvo ia e voltava, não mais voltando para dentro da arca. Para o corvo, o ambiente externo se tornou mais atrativo do que os cuidados que Noé lhe prestará durante sua estadia de quarenta dias na arca. Será que o corvo estava estressado? Será que ele era claustrofóbico? Nada disso!

O corvo é uma ave praticante de uma atividade chamada: necrófaga – em biologia chamam-se de necrófagos aos animais que se alimentam de restos orgânicos, cadáveres de outros animais, de pequenos mamíferos, insetos, caracóislagartosrãsvermes e outros invertebrados. Os praticantes desta atividade procuram o alimento no chão, sendo quase sempre as primeiras aves a chegar junto dos cadáveres.

Agora que conhecemos um pouco sobre a natureza do nosso corvo, fica fácil de entender o motivo pelo qual ele não quis mais voltar para dentro da arca. A terra havia se tornado um banquete para a sua natureza. Você pode imaginar a quantidade de corpos humanos boiando sobre as águas? E os animais que não entraram na arca, com exceção dos animais marinhos, todos foram dizimados. Era tudo que o corvo queria! Pra que voltar para arca, o lado de fora estava muito mais prazeroso e apetitoso.

É importante frisar que a atividade necrófaga, praticada pelo corvo, coopera para a reciclagem. É graças a ela que os restos orgânicos são retornados à cadeia alimentar para serem reaproveitados pelos demais organismos vivos. Talvez, Noé não sabia disso, e falhou na delegação, soltando o corvo para a missão errada.

Para o corvo a paixão carnal era mais forte do que a missão que lhe fora dada.

O fato é que não podemos julgar o corvo, pelo simples fato de todos nós sermos corvos por natureza. Nossa natureza carnal também é saciada e atraída pela morte, e neste caso me refiro ao pecado. E a coisa fica pior quando percebemos que estamos inseridos em um “mundo que jaz no maligno.” (1 João 5:19)

O mesmo cenário que o corvo encontrou ao ser solto da arca é o mesmo que encontramos quando saímos em direção ao mundo. Só que ao invés de corpos humanos e de animais, encontramos os restos mortais de estruturais pecaminosas de: ódio, injustiça, indiferença, egoísmo e maldade. É este sistema podre e imundo que jaz no maligno, mas por incrível que pareça somos atraídos por tudo isso. Quantos ao sair em missão mundo a fora, são agarrados pelos tentáculos do pecado, sendo entregues às suas próprias concupiscências.

Ciente de quem somos e do cenário em que estamos inseridos, Cristo Jesus, em sua oração sacerdotal, faz um pedido ao Pai, Ele diz: “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal”. (João 17:19)

E agora? É da vontade de Cristo que estejamos inseridos no mundo? Este mesmo mundo que jaz no maligno? Mesmo Ele sabendo que somos pecadores e que este mundo é um banquete para nossa carne? Aham... exatamente!

Só que agora, em Cristo não somos mais lançados ao mundo na condição de corvo, mas sim de pomba. E aqui, tudo muda de sentido.

Voltando para arca, após o corvo ter falhado com sua missão, “Noé soltou uma pomba para ver se as águas teriam já minguado da superfície da terra, mas a pomba não achando onde pousar o pé, tornou a ele para a arca...” (versos 8 e 9)

Repare que o cenário encontrado pela pomba, era o mesmo que havia sido encontrado pelo corvo, mas para ela, nada daquilo exercia poder de atração, pois era contrário à sua natureza.

A pomba tem um senso de direção preciso e altamente desenvolvido o que lhe confere senso de missão. Ela sabe para onde ir e para onde voltar sem distrações. Ela sabe chegar ao seu local de destino sem erro de percurso. Não é à toa que muitas destas aves eram usadas em guerras como pombo correio, levando mensagens estratégicas aos soldados no campo de batalha. Muitas vitórias foram conquistadas graças a ação dos pombos correios.

Diante destas característica, podemos afirmar que o Corvo é guiado pelas necessidades, já a pomba por Propósitos.

Ser guiado pelas necessidades é dá prioridade em satisfazer seus próprios desejos no lugar da vontade de Deus. É trocar uma eternidade, por um minuto de prazer, é ter dificuldade de confiar no Senhor, ciente de que o mais Ele fará.  

Repare no que Paulo fala: “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas”? (Romanos 8:32)

Na provisão feita na Cruz por Cristo Jesus, está incluído tudo aquilo de que nós necessitaremos ao longo de nossa jornada. Quem disse que Deus não se importa com aquilo que vamos comer, vestir, onde vamos morar, trabalhar. Ele se envolve com os mínimos detalhes de nossa vida. Ora, se Ele foi capaz de nos dá o Seu único Filho, não nos daria com Ele todas as coisas?   

Podemos tomar como exemplo o êxodo de Israel. Onde Deus tira o povo do Egito, prometendo conduzi-lo pelo deserto até a terra prometida. Foram 40 anos de viagem, e durante todo este tempo Deus o sustentou fazendo chover maná do céu para alimenta-lo, enviou codornizes (aves para alimenta-lo) e fez verte água da rocha para saciar a sua sede. Aqui fica claro que Deus se preocupa e se ocupa em suprir todas as nossas necessidades para que então possamos focar nos propósitos.

Devemos “buscar em primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. (Mateus 6:33)

Se lermos os versos anteriores a esta passagem, notaremos que Jesus está falando da ansiedade referente ao que vamos vestir e comer. Ele diz que o mesmo Deus que cuida dos pássaros e dos lírios dos campos é o Deus que cuida de nós. Portanto, nos cabe tão somente priorizar o Reino de Deus e a Sua Justiça (Propósito). Não precisamos priorizar as demais coisas (necessidades). Enquanto nos ocupamos com as coisas de Deus, Deus se preocupa com as nossas coisas e nos garante toda a provisão que precisamos.

O problema é que fazemos dos meios um fim. Como fazemos isto? Toda vez que nós buscamos as outras coisas esperando que Deus nos acrescente o Seu Reino. Isso é colocar a carroça na frente dos bois! É colocar as necessidades na frente dos propósitos!

A necessidade nos faz viver somente o aqui e o agora, já os propósitos nos faz mirar no futuro.

O corvo também representa nossa natureza carnal, já a pomba é uma alusão clara da natureza divina em nós. Portanto, para cumprirmos com nossa missão no mundo, precisamos ser “simples como a pomba.” (Mateus 10:16)

A pomba não inventa, com ela “missão dada é missão cumprida”, não fica de rodeio, indo e voltando, ela é portadora de uma mensagem subversiva capaz de transforma e restaurar todo o mundo.

Deus confiou para sua Igreja, a missão de anunciar ao mundo as boas novas do evangelho e como um pombo correio, Ele envia cada um de seus agentes ao mundo para que ali (em meio ao cenário de morte), possa ser encontrado alguma evidência de restauração.

Infelizmente o mundo está entregue aos corvos, e assim somente o seu lado podre que jaz no maligno tem sido evidenciado.

Será por meio da “igreja pomba” que será possível encontrar uma evidência de esperança, assim como a pombinha de Noé fizera, lembram –se?

“Esperou ainda outros sete dias e de novo soltou a pomba fora da arca. A tarde, ela voltou a ele; trazia no bico uma folha de oliveira, assim entendeu Noé que as águas tinham minguado de sobre a terra”. (versos 10 e 11)

Enquanto Cristo pede ao Pai para não tirar sua igreja do mundo, a igreja faz a oração contrária, e pede ao Pai para ser retirada do mundo.

Onde já se viu, a portadora da boa nova de restauração, aquela que traz em seu “bico”, não restos mortais de um mundo do passado morto, mas brotos de vida de um futuro mundo resplandecente, desejar ser retirada do mundo? Por isso que os corvos estão fazendo a festa! E cada vez mais o mundo se torna um lugar fétido.  

Veja o recado de Paulo:

“Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens. Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração. E é por Cristo que temos tal confiança em Deus; Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus.” (2 Coríntios 3:2-5)

O mundo se pergunta: por onde anda a “igreja pomba”? Por qual motivo ela não sai de seu ninho?

Cabe a igreja encontrar uma evidência de esperança (folha de oliveira) neste mundo e em todos os seus segmentos: ciência, cultura, arte, música, economia, esporte, universidades e etc.  

Luz é para ser luz no mundo! Não é na arca e nem no céu!

A pomba é o verdadeiro sal da terra! O sal além de conservar, serve para realçar o sabor dos alimentos. Veja, ele não dá sabor, mas apenas torna patente o que antes era latente.

Da mesma forma, cabe a igreja realçar o que o mundo tem de melhor. Sair em busca das folhas de oliveira perdidas por ai fora.

Ao escolher Isaias e colocar sobre ele o Seu Espírito, o Senhor revela que a consequência disso na vida do profeta seria que ele: “Não esmagara a cana quebrada, nem apagará o pavio que fumega.” (Isaias 42:3)

O que existe em comum entre uma folha de oliveira, uma cana quebrada e um pavio que fumega? Todos são frágeis e sensíveis, logo, precisam ser tratados com carinho e amor.

Infelizmente a igreja dos dias de hoje está esmagando a cana quebrada e apagando o pavio que fumega. Ela tem sido a estraga festa, quando na verdade deveria ser o motivo da festa.  

Que sejamos simples como as pombas, abandonemos nosso velho “homem corvo” e sigamos em frente com a nossa missão de evidenciar a esperança para um mundo que já jaz no maligno.

Já parou para “observar os lírios dos campos...” (Mateus 6:28)? Notem que eles nascem e resplandecem no meio de um terreno pantanoso e feio.

O terreno pantanoso e feio é o mundo que jaz no maligno, os lírios dos campos é a Glória de Deus que está destinada a resplandecer nesta terra.

Em Cristo e por Cristo, é possível extrair vida da morte.



segunda-feira, agosto 24

Uma resenha entre os Discipulos, Albert Einstein e os Mamonas Assassinas




Por Bruno Jardim

Um belo dia se reuniram em uma mesma mesa para conversarem ninguém menos que: os discípulos de Jesus, Albert Einstein, e os Mamonas Assassinas. (???)

Pode imaginar qual seria a pauta desta conversa? O que sairia de produtivo deste encontro?

Peço que você se permita imaginar e venha comigo nesta reflexão.

A pauta deste papo era Marcos 1:15: Arrependei-vos...”

Os discípulos iniciam a conversa com algumas considerações:

- Bem, antes de falarmos do que é o arrependimento, vamos falar o que ele não é. 
Neste momento, todos na mesa passam a ouvir atentos a explicação de um dos discípulos.

- Confunde-se arrependimento com remorso; por mais que pareçam sinônimos, são conceitos bem diferentes.

Remorso tem a ver com o que sentimos por conta dos desdobramentos de nossos atos; ele é reativo, espera acontecer para aparecer, é superficial. Não se importa com a essência dos atos, sejam eles lícitos ou ilícitos. Para o remorso, importa o que dá certo e não o que é certo.

Já o arrependimento tem a ver com o que sentimos por conta dos nossos atos; ele é proativo, não espera acontecer para aparecer, é substancial. Se importa com a essência dos atos. Para o arrependimento importa o que é certo e não o que dá certo.

Por conta destas características, é plausível afirmar que o arrependido não é uma obra humana, mas uma ação genuína do Espirito Santo em nós.

Sendo assim, o grande resultado que o arrependimento gera no ser humano é fazer com que este não venha errar novamente.

Outro discípulo toma a palavra e completa:

- Vale frisar que no original a palavra utilizada para arrependimento é metanoia, que significa mudança essencial de pensamento ou de caráter. Ou seja, arrependimento está contido em uma expansão da consciência; é algo que começa de dentro e vai para fora de nós.

Ninguém vai mudar por conta de proibição. A genuína transformação ocorre por meio da conscientização, passando pela renovação do entendimento. Tentar mudar simplesmente submetendo-se a uma proibição é confiar na força do próprio braço. Isso não é possível (no máximo teremos remorso).

Precisamos ceder espaço à ação da Graça, que é ministrada por meio do Espírito Santo. No momento em que a Palavra da Verdade é pregada e se faz conhecida por nós, o próprio conhecimento desta verdade se encarrega de nos libertar. Ela rompe com nossas correntes mentais atrofiadas e nos faz crescer na Graça e no Conhecimento do Senhor.

Depois de ouvir atentamente toda explanação dos discípulos, o gênio Albert Einstein, meio que por um lampejo divino exclama:

- Ah...por isso que a mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original.

- Exato! - Exclamaram os discípulos e complementaram:

- O que é isto que o gênio falou, senão uma expansão da consciência? Por isso que ele pensa fora da caixa e tem a mente aberta! Arrependimento é um dom de Deus, e como tal é irreversível, é caminho sem volta. Sendo fruto da Sua Graça, não depende da força do nosso braço. É Ele vivendo em nós.

Então, o gênio arremata seu brilhante raciocínio da seguinte maneira:

- Então podemos afirmar que o conceito de metanoia não se encerra com o arrependimento. O arrependimento está contido na metanoia, mas não a contém. Metanoia tem a ver com evolução!  

- Cara esperto esse Einstein…- sussurraram os discípulos entre eles.

Tudo isso acontecendo e os Mamonas Assassinas só observando....

- Exato gênio - retomou a palavra um dos discípulos. - Esta evolução gera em nós: arrependimento, conversão, mudança de direção, de mente, de atitudes, de temperamentos e ainda lapida nosso caráter.  Foi para isto que fomos chamados e assim somos aperfeiçoados durante nossa passagem por esta vida.  O arrependimento é importante? Não tenha dúvida que sim, aliás, é fundamental! Mas, o escopo de atuação do Espírito Santo em nós vai muito além disso. 

Então, precisamos evoluir! Talvez durante este processo tenhamos que encarar alguns preconceitos. Por isso, devemos abrir a mente, pois numa mente aberta não há espaço para o preconceito seja ele de que natureza for (sexual, étnico ou religioso).

De repente os Mamonas Assassinas romperam com o silêncio e seu líder gritou:

- Ah se é assim, então entendi!  Permita aplicar esta verdade onde eu estou acostumado a trabalhar.

Neste momento os discípulos e Einstein ficaram assustados e ao mesmo tempo curiosos, pensando o que iria sair daquela boca.

O líder dos Mamonas se levanta e começa a cantar:

- Abra sua mente! (Metanoia/Arrependei-vos), gay também é gente (preconceito sexual), baiano fala “ó xente!” e come vatapá (preconceito étnico), Alá meu bom Alá (preconceito religioso).  

Todos na mesa aplaudiram e deram boas gargalhadas. Embora fossem pessoas completamente diferentes, cada um captou a essência da mensagem e a aplicou da forma que estava acostumado, conforme seus dons individuais.

Enquanto tudo isso acontecia, havia alguém de longe espiando toda esta resenha: era ninguém menos que Paulo, o apóstolo, e cá com seus botões ele falava:

- É...pelo visto eles aprenderam direitinho o recado que eu quis passar em Romanos 12:2: “E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento.” Até Pedro entendeu… disse ele rindo e suspirando. 

....

O que você está esperando, arrependa-se! Isto implica expansão da sua mente. Transforme-se! Transcenda a forma pela renovação do seu entendimento.


Só aviso uma coisa, é caminho sem volta.

sexta-feira, agosto 21

O que esperar quando você está esperando?


Por Bruno Jardim

Trata- se do título de um livro que é um verdadeiro manual para grávidas e que estourou mundo a fora. Vendo o sucesso, Hollywood resolveu adaptá-lo para o cinema, criando um filme que apresenta um variado painel de situações envolvendo a gravidez.

Embora seja certa a chegada da novidade desejada, fica evidente que cada pessoa tem uma maneira de se comportar ante a expectativa do novo. O fim é certo, os meios é que são variados.

Afinal, o que Deus espera de nós quando estamos esperando?

Salmos 27;14, nos fornece algumas dicas:

“Espera pelo Senhor, tem bom ânimo e fortifique-se o teu coração; espera, pois, pelo Senhor”.

Nesta passagem encontramos 3 (três) ações que Deus espera de nós durante a Espera:
  1.         Espera pelo Senhor;
  2.     Tem bom ânimo;
  3.         Fortifique- se o teu coração.

1. Espera pelo Senhor

Significa reconhecer que Ele é a Fonte. Ainda que por Sua multiforme Graça, Ele utiliza-Se de vários canais, a Fonte é única. Ele é Amor e Graça. O Amor é singular, a Graça é plural. 

Nossas expectativas devem estar voltadas para a Fonte, os canais mudam e por meio deles, Deus esta sempre nos surpreendendo. ELE fecha um canal e abre outro, para aprendermos a depender Dele, confiando em Sua Fonte eterna.

O que procede Dele é Bom. Sua Vontade é Boa, perfeita e Agradável. É boa pois vem Dele, é perfeita pois gera em nós aperfeiçoamento e é agradável pois é para Ele e assim o alegra. 

Logo, Porque Dele (Boa), por Ele (Perfeita/Aperfeiçoamento) e Para Ele (Agradável) são todas as coisas.

Tudo que vem Dele é completo; tem origem, meio e fim. Deus é Deus de propósitos e não faz nada pela metade, na boa obra que Ele começa não tem atraso de cronograma, pois é fiel para completa-la.

2. Tem bom Ânimo

Enquanto esperamos pelo Senhor, devemos ter bom ânimo. Se existe o bom ânimo, também existe o desânimo que nos faz inanimados.

Ânimo tem a ver com movimento, animação, é aquilo nos move. Já o inanimado, é o que não se move, fica desfalecido, cujas forças físicas e mentais se esmorecem. Por isso que Cristo nos orienta para termos, em meio as aflições, o bom ânimo.

Não se pode parar de movimentar, só existe aperfeiçoamento, onde há movimento.

Este movimento não deve ser aleatório, se esperamos Pelo Senhor, nosso movimento deve ser No Senhor e assim lançar a rede sob a Palavra Dele, se movimentar conforme Sua diretriz.  

Nossa expectativa, movimento, origem e meio devem estar atrelados em Cristo.

3. Fortifique-se o teu coração

Ora, não sabemos o que está por vir e não podemos dá sopa ao azar. Nosso coração precisa se preparar e ficar forte. 

A alegria do Senhor é a nossa força. Portanto, o segredo/fonte de nossa força está na alegria do Senhor. Mas, como se alegra o Senhor? Resposta: vivendo uma vida que O agrade. Uma vida agradável para Deus, retroalimenta este processo de fortificação do coração.

Ok, mas como se agrada ao Senhor? Resposta: tendo uma vida de movimento (bom ânimo) em direção ao próximo.

Deus resolveu ser amado no próximo. Tudo o que recebemos Dele, devemos passar adiante, nisto reside a lógica do aperfeiçoamento. Quando passamos o que recebemos, Ele tem prazer em nos dá mais e mais, pois não estamos inanimados, encerrados em nós mesmos, o alvo da vida é passar adiante a própria vida recebida.

Então... O que esperar quando você está esperando?

Antes de se preocupar com “o que esperar”, que tal buscarmos uma resposta para o que de fato “você está esperando?”

Todos deveríamos esperar pela boa, perfeita e agradável vontade de Deus. Quando assim se faz, no próprio “fim” de nossa espera encontra-se a resposta do que fazer durante o “meio” desta espera.

Nesta Vontade está o mapa relacional de nossa existência: Vem Dele, passa por nós e alcança o outro e volta para ELE.

Uma vida com sentido tem que ter início, meio e fim (justamente o que Ele é). Tem que ser vivida na dinâmica do “Porque Dele, por Ele e para Ele.” Experimentando e esperando Pela e Em Sua boa, perfeita e agradável vontade.

O que vem do alto não falha, o problema é quando este dom encontra em nós um ser inanimado e um coração desagradavelmente fraco, voltado para nós mesmos. Quando o novo é recebido pelo velho o caos é instalado.

O que Deus espera de nós, enquanto estamos esperando é que:

Esperemos pelo Senhor, com expectativa Nele, Porque Dele vem Sua Boa Vontade;


Tenhamos bom ânimo, estando em constante movimento, nos aperfeiçoando Por Ele, em Sua Perfeita Vontade;

Fortifiquemos os corações, dando alegria Para Ele, vivendo Sua Agradável Vontade.  
  
Origem, meio, fim, bom, perfeito e agradável. Tudo sintetizado em Cristo, Ele é ao mesmo tempo a nossa procedência, nosso caminho e alvo.  

Portanto, espere por Ele, estando Nele. 

sábado, agosto 8

A Cruz e seu efeito Buraco de Minhoca



Por Bruno Jardim


 Todos concordam que a distância é algo relativo. Hoje o mundo está conectado, podemos viajar para qualquer lugar do planeta, basta um clique e pronto: a distância é relativizada. O que era longe se torna perto, o desconhecido se torna íntimo. Por conta dos meios de transportes o tempo de viagem também foi reduzido drasticamente quando se comparado ao passado.

Portanto, a distância vem se relativizando ao longo do tempo e assim continuará.

É interessante notar que para ciência a distância é o espaço entre dois corpos, já na mente a distância é o espaço emocional, ele não é físico e não pode ser medido. Podemos estar sozinhos, mas sem se sentir sós. Da mesma forma, podemos estar no meio de uma multidão, mas nos sentindo sós. (Quem nunca se sentiu assim?)

Existe uma teoria da física chamada “O Buraco de Minhoca”, muito explorada em filmes de ficção científica como: Stargate, Interstelar e Planeta dos Macacos, este Buraco de Minhoca liga dois pontos diferentes no espaço-tempo e serve como atalho no espaço oferecendo um meio de voltar no tempo ou até mesmo de cruzar dimensões.

Basicamente, essa teoria diz que o espaço-tempo pode ser “dobrado”, possibilitando que um corpo pule de uma parte para outra do universo num piscar de olhos!

Para entender melhor isto, dobre uma folha de papel ao meio e passe uma caneta através dela. A folha é o espaço. Um ponto de um dos lados dela é a Terra; um ponto do outro lado é uma galáxia distante. O furo que você fez com a caneta é o Buraco de Minhoca.

A ideia de Buraco de Minhoca é bem interessante e existem várias teorias que mostram a possibilidade real de utiliza-los, como um portal (Uau! Já pensou nisso?), mas a maioria dos físicos teóricos modernos são bem conclusivos: é quase impossível utilizar um Buraco de Minhoca (Puxa, estragaram a brincadeira!). 

Se de maneira Astrofísica ainda não descobriram uma maneira de utilizar um Buraco de Minhoca, eu me atrevo a dizer que de maneira Existencial é possível viver seus efeitos e isto, graças a Cruz de Cristo!

Vamos tomar o mesmo exemplo a pouco citado, mas trazendo para a nossa existência: a folha é a nossa vida. Um ponto de um dos lados dela é o nosso eu; um ponto do outro lado é uma pessoa distante. O furo feito com a caneta é a Cruz de Cristo.  

Antes da Cruz não tínhamos outra referência senão o nosso próprio eu. O pecado cegará o homem com o egoísmo, era impossível enxergar além do seu próprio umbigo. Perdemos o propósito da nossa existência, que é viver para Deus e para o Próximo e passamos a viver para nós mesmos e assim “todos nós também outrora andávamos nas cobiças da nossa carne, fazendo as vontades da carne e dos pensamentos...” (Efésios 2:3).

A humanidade foi divorciada de Deus e dos homens, cada um ficou preso em uma dimensão do espaço, sem qualquer tipo de aproximação, condenados a viver uma vida vã centrada em si mesmo.

Porém, mesmo Ele “...sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz”. (Filipenses 2:6-8)

“fazendo-se semelhante aos homens...”

Aprouve a Deus intervir neste cenário: ao enviar seu Filho motivado pelo Amor, o eterno entrou no tempo, neste momento a folha da existência foi dobrada! Valores até então perdidos no tempo e no espaço vieram até nós pela pessoa de Cristo, tais como a justiça e o amor.  

Se o Pecado nos Desconecta/Distância, o Amor nos Reconecta/Aproxima!

Este amor é tão grande que ainda foi além, não bastava somente dobrar a folha da vida, precisava rasga-la! Pois se fazia necessário também desobstruir o caminho, tornar acessível o encontro entre os dois pontos até então distantes.

sendo obediente até à morte, e morte de cruz...”

A Cruz  rasgou a folha dobrada da nossa existência. Tornando possível a ligação entre dois pontos distantes e diferentes no espaço – tempo. Abrindo um novo e vivo caminho! Ela nos salva de nós mesmos, nos liberta dos tentáculos do nosso eu e nos lança para Deus e para o próximo.

Por isso que o Amor nos ordena a amar ao nosso próximo e semelhante. Ele não fala nada em amar o distante e o diferente, pois simplesmente estes não existem mais.

Ele Aproxima o Distante e torna o Diferente em Semelhante. O véu do preconceito e da indiferença foi totalmente rasgado!

A Cruz redime nossa distância mental e física, sua haste vertical representa nossa reconexão mental, nos devolvendo para Deus, e de quebra nos presenteando com a mente de Cristo. Enquanto que sua haste horizontal representa nossa reconexão com o próximo, sem preconceitos tratando- o como um semelhante.    

Se a Encarnação dobrou a folha e Sua Crucificação a rasgou, podemos dizer que Sua Ascensão e consequentemente o derramamento do Seu Espirito Santo nos impeliu a irmos em direção ao outro, nos fornecendo o combustível para viajarmos por este novo caminho aberto, pois agora, “Nele vivemos, e nos movemos, e existimos...” (Atos 17:38)

Portanto, o Verbo se fez carne para nos habilitar a conjuga-lo para além da 1ª pessoa do singular. É abandonar a superfície da subjetividade do "Eu" e mergulhar nas profundezas da objetividade do "Eles". 

Para isto, não precisamos viajar no tempo, nas dimensões via um Buraco de Minhoca, a Cruz nos basta, então: faça bom uso dela e boa viagem!