sexta-feira, junho 12

Uma presença ausente

O que nos faz diferentes das outras pessoas? Será que a maneira de se vestir ou um conjunto de regras a serem seguidas de maneira religiosa, nos tornam seres diferenciados? Somos focados demasiadamente nas formas, temos uma visão muito superficial. De fato “o homem olha para o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração” (I Samuel 16: 7b).

Fico imaginado Jesus, ELE se vestia como os demais, não havia nada em sua aparência que o distinguia. Não é à toa que Judas precisou lhe dar um beijo para que os soldados pudessem saber quem eles deveriam prender. Se fosse o contrário era só Judas falar; “prendam aquele que brilha como o Sol, que tem olhos azuis, cabelos longos... o mais belo de todos.” Não! Jesus era um homem normal.

Como então se tornar diferente? Essa pergunta me fez lembrar de algo que aprendi nas aulas de química:

Experimente colocar água e óleo dentro de um balde. Embora seja uma mistura, iremos perceber nitidamente que essas substâncias ficarão separadas, formando assim duas fases, pois são líquidos imiscíveis, ou seja, que não se combinam. Mesmo estando no mesmo ambiente (o balde), é possível perceber a diferença e identificar a localização da água e do óleo.

Esse simples exemplo químico pode servi de analogia; biblicamente falando, água representa os povos, multidões, nações e línguas (ver Apocalipse 17;15). E quando se fala em óleo logo vem à mente unção, capacitação. Tendo isso em vista, fica mais fácil perceber que o que nos diferencia não é o que fazemos, mas sim a ação do Espírito Santo em nós. É ELE que nos capacita para vivermos em comunidade, fazendo com que venhamos resplandecer como astros no mundo (I Coríntios 15:41).

Da mesma forma deve ser a nossa relação com os ambientes freqüentados. É fundamental que aja uma diferenciação para com aqueles que estão inseridos neste ambiente. Porém tal diferença transcende a forma, antes ela se dá de dentro para fora. Mesmo inserido existencialmente dentro de um mesmo ambiente, não se deve participar da essência dele. Deve-se transitar sem se conforma, estar presente e ausente ao mesmo tempo. Presente no ambiente, porém ausente do sistema que permeia o lugar.

Jesus vivia uma “presença ausente”, ou seja, freqüentava todos os ambientes e interagia com diversas pessoas, mas sem se conformar. Mas hoje em dia temos vivido uma “ausência de presença”, fruto de uma alienação que nos isola do resto do mundo. Enquanto o mundo anseia com expectativa a revelação dos filhos de Deus, preferimos o isolamento eclesiástico, ser “sal no saleiro” e não no mundo. Abandonamos quem de fato precisa de nós.

A oração DELE foi para que o Pai não nos tirasse do mundo, mas que fossemos guardados do mal (João 17:15). Assim poderemos estar presentes e ausentes em qualquer ambiente que a SUA luz desejar brilhar, sem nos contaminar.

Daniel, o profeta viveu bem isso. Mesmo inserido no palácio de Nabucodonosor, não se deixou seduzir pelos manjares do rei. E o que falar de Jesus? Este sabia como ninguém se fazer ausente mesmo estando presente. Mesmo convivendo com prostitutas, nunca se prostituiu. Mesmo almoçando com um cobrador de impostos, nunca foi corrompido pela ganância do dinheiro. Dialogava com fariseus e escribas sem ser contaminado pela hipocrisia da religiosidade

ELE freqüentava a roda dos escarnecedores, mas não se assentava nela. Não dançava conforme a música, ao contrário era ELE que ditava o ritmo. Demonstrando assim que a diferença não reside nos lugares que freqüentamos ou deixamos de freqüentar, mas sim no comportamento adotado nesses lugares.

Que voltemos a ser normais como Cristo, pois este é o modo de levarmos SUA vida ao mundo.

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