terça-feira, maio 26

A lenda do tesouro perdido

Sempre fui fascinado por histórias de aventuras. Lembro que minha infância foi muito marcada pelo Indiana Jones. Nossa como eu curtia seus filmes (principalmente a Última Cruzada) e também seus jogos no vídeo - game. Minha mente viajava naquele mundo de desafios, abismos, enigmas, pedras rolantes, cálices perdidos e tesouros.

Com o passar do tempo percebi que a essência daquele mundo de fantasias começara a se tornar realidade. E que a vida pode ser comparada com essa jornada aventureira, pois enfrentamos os mesmos perigos e desafios. Todos os dias somos convidados a viver uma aventura em busca de algum tesouro perdido.

Mas será que existe esse tal tesouro, ou será que isso não passa de uma lenda, uma fantasia? II Coríntios 4;7 responde essa questão;

“Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.”

Esta passagem é o mapa que nos dá a localidade do tão desejado tesouro. Segundo ela, Deus o tem depositado em vasos de barros. E tal lugar não foi escolhido de forma aleatória para ser recipiente, existe um propósito para isso.

Vaso e barro apontam para os instrumentos que o Deus Soberano cria e usa para desenrolar Seus propósitos na história. Portanto esses vasos que servem de “baú do tesouro” são aqueles fabricados pela mão do oleiro. Logo, se tratam da nossa vida!

É interessante, pois a busca pelo tesouro se dá por meio de trilhas perigosas, de lugares que nunca foram explorados, ou seja, sempre o buscamos no ambiente externo. Mas pelo visto Deus prefere adotar outro caminho, colocando - o dentro de cada um de nós, tornando inútil a nossa busca externa.

Isso provoca uma mudança de missão, se antes a nossa aventura era para encontrar o tesouro, agora ela deve ser para encontrar um lugar adequado a fim de deposita – lo. Tendo em vista que já sabemos muito bem onde o tesouro se encontra, restamos agora descobrir para onde ele será direcionado. E para que ocorra a revelação desse tesouro, é necessário que o vaso se quebre. Logo, o caminho para se evidenciar o tesouro reside na humildade. Ela nos faz abrir mão daquilo que somos em favor do próximo.

Eis a questão: onde estamos depositando o tesouro que existe dentro nós?

Isso me remete ao episódio que narra o nascimento de Jesus:

“E, tendo nascido Jesus em Belém de Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do oriente a Jerusalém, dizendo: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos a adorá-lo. E o rei Herodes, ouvindo isto, perturbou-se, e toda Jerusalém com ele.” (Mateus 2; 1 ao 3)

Os magos estavam com os camelos carregados de presentes, tesouros preciosos separados para Jesus. E mesmo tendo a direção da estrela, aqueles magos enfrentaram dificuldade no caminho até chegar ao seu destino. Antes deles encontrarei a manjedoura, eles passaram próximo do palácio de Herodes e ali pediram orientação de onde eles iriam encontrar a criança que acabara de nascer.

Interessante que eles passaram por perto desse palácio, mas não descarregaram nada do camelo!

Ora eles vinham de longe e talvez descarregar alguma coisa naquele palácio poderia trazer um alivio para os camelos, tornando a viagem mais leve.

O fato daqueles magos não terem descarregados seus camelos no palácio de Herodes, indica que eles eram guiados por propósito e não por necessidade.

A necessidade nos leva a comprometer o tesouro que Deus colocou em nós - vasos de barros. Fazendo com que ele seja depositado no lugar onde Deus não escolheu para depositar. Ela (a necessidade) nos convida a viver uma vida imediatista, baseada no “aqui e o agora”, só queremos aliviar nosso peso, mesmo que seja um alivio momentâneo.

O que esta em jogo é o nosso bem estar. Não pensamos naquilo e nem naqueles que de fato Deus separou para ser receptáculo do nosso tesouro. Se o camelo for descarregado no palácio de Herodes a manjedoura vai ficar em falta!

Por outro lado ser guiado por propósito nos remete para uma visão de longo prazo, para a posteridade. Faz-nos saber que “a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente (II Coríntios 4:17). Pois maior do que as dificuldades enfrentadas no meio do caminho, são os propósitos que Deus tem no fim dele. A missão acaba se tornando maior que a “pressão”.

Portanto “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam” (Mateus 2.11). Esse é o fim de uma vida guiada pela necessidade, ela é efêmera, seu fim é ser corrompida pelo tempo.

Antes devemos “ajuntar tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.” (Mateus 6:20) Isso fará com que o nosso tesouro continue a brilhar até mesmo depois da nossa morte. Ficaremos vivos dentro daquele próximo que serviu de “baú” para o nosso tesouro, pois “onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” (Mateus 6:21).

Mas para que isso ocorra devemos ser quebrados pela humildade e buscar depositar o que temos no lugar certo. Assim vamos ajudar os outros a descobrirem o tesouro escondido que existe dentro de cada um. O nosso tesouro não esta no mundo, pelo contrário é o mundo que anseia em ter acesso ao nosso tesouro.

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