Ouro de Tolo

Esses dias estava no ônibus e avistei uma pessoa com uma camisa que trazia esses dizeres :"Não tenho tudo que amo, mas amo tudo que tenho".

Essa frase pode ser encontrada em qualquer pára-choque de caminhão ela é bem conhecida, eu mesmo já a conhecia desde criança. Mas naquele momento comecei a refletir sobre ela, e cheguei a conclusão que nela reside uma completa inversão de valores.

Pois o que vemos em vigor na humanidade é justamente isso : o amor as coisas, o amor ao ter em detrimento do ser. Amam as coisas e usam as pessoas, quando na verdade o inverso seria o correto ; Amar as pessoas e usar as coisas. Esse pensamento nos leva a "coisificar" o ser, é uma completa inversão de valores, o mundo esta de cabeça para baixo!

O envangelho nos convida a viver uma vida de despenseiro fiel ;

"... requer-se nos despenseiros que cada um se ache fiel " (1Coríntios 4.,2).

Despenseiro é o guardião da propriedade alheia (mordomo), administrador de bens que pertence a outro.

Uma vida de mordomia no reino de Deus é uma vida de serviço oferecido, não de recebido. Consiste em servir as pessoas e não se servir das pessoas.

O chamado de Deus é para vivermos uma vida apostólica, etimologicamente falando a palavra apóstolo significa :

a ( prefixo de negação) postulo ( postular, requerer algo para si ).

Logo um apóstolo é nada mais do que alguém que não requer nada para si , que não postula nada !

Mas hoje infelizmente a essência do capitalismo que é a propriedade privada, tem encontrado guarida nos corações. Valorizam por demais o ter e busca - se devotar amor para essas propriedades.

Veja o problema não esta em ter, mas sim ficar preso ao objeto, pois tal relação é recíproca, ou seja , se afirmamos que possuimos algo, este algo também nos possui.

O amor as coisas não passa de ouro de tolo !

Que a cada dia, Deus possa renovar essa consciência despenseira em nossa vida, para que venhamos a utilizar as coisas para o benefício das pessoas.

Raul Seixas já sabia bem disso, não era um Corcel 73, o sucesso na vida de artista, um bom emprego que lhe trazia felicidade. Aliás ele achava tudo isso um saco!