Por Bruno Jardim
Páscoa, em hebraico: Pesach, que significa “Passagem” ou “Travessia”. Ela é celebrada no judaísmo e cristianismo. Ambas religiões possuem em comum a mesma essência, a saber, a comemoração de uma Travessia. Para os judeus é a travessia do Egito para Terra Prometida, por meio do Êxodo. Para os cristãos é a travessia da morte para vida, por meio de Cristo.
Antes de deixar o Egito, cada família hebreia teve que sacrificar um cordeiro. Da mesma forma, para deixarmos a morte, o Cordeiro de Deus que remove o pecado do mundo, teve que ser sacrificado. Portanto, toda travessia é patrocinada pelo Cordeiro, é este “Cordeiro” o elo entre as celebrações, a judaica e cristã.
Desde sempre somos desafiados a atravessar fronteiras. Naturalmente fomos instigados a migrar de um estilo de vida sedentário para um estilo nômade. Somos forasteiros e peregrinos neste mundo. Neste sentido, todos somos hebreus, pois etimologicamente a palavra “Hebreu” deriva do verbo “avar”, que em hebraico significa “ultrapassar”, “passar” ou “ir além”.
Somos um devir, há algo novo para surgir.
Nossa jornada de vida é patrocinada pelo Cordeiro. Ousar encarar esta travessia da vida sozinho, confiante no próprio braço, faz com que a aventura se torne uma desventura. Só é Bem Aventurado, quem se fia no Cordeiro imolado.
Por isso que a vida do Cordeiro nos foi entregue antes mesmo da fundação do mundo. Antes do “Haja Luz”, foi dito “Haja Cruz”. Antes de qualquer ação, Ele prepara a provisão. Para cada evento, Ele já preparou um alimento para o sustento.
Ficar parado com medo do destino, é um desatino que nos faz clandestino. O nosso alvo é alcançar aquilo para o qual o Cordeiro nos alcançou. Para tal, temos que abandonar o passado e avançar para o por vir.
Durante as travessias, não deixe que os meios tirem o foco do fim. Ainda que muitas vezes, tais meios se manifestem de forma épica, eles ainda não representam o destino final.
Tenha em vista que Moisés abriu o mar vermelho, mas se deparou com um deserto, onde ficou dando voltas por 40 anos. Já Josué, não precisou abrir mar nenhum, antes, atravessou a pé o rio Jordão, mas se deparou com a Terra Prometida.
Muitas vezes a pirotecnia não é tão eficaz quanto a simplicidade de um caminhar. Deus age de forma extraordinária, mas também de forma ordinária. (Não perca isto de vista!)
Faça da vida uma Páscoa contínua, prossiga como se ainda não houvesse alcançado nada. É caminhando que se faz o caminho, enquanto houver Sol ainda haverá motivo para caminhar.
Pelo Cordeiro imolado, temos a garantia de nadar...nadar e não morrer na beira da praia. Pois Nele, ela deixa de ser nosso alvo para ser o ponto de partida. Ali, Ele nos encontrou em naufrágio, nos tratou e agora nos lança rumo ao horizonte ilimitado de possibilidades.
A Linha do Equador que separa o que somos hoje, do que seremos amanhã, precisa ser atravessada.
Por isso Ele diz ao Seu povo que Marche!
Feliz Páscoa!
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