Por Bruno Jardim
"Nada é
permanente, exceto a mudança." Heráclito
Pesquisas recentes
realizadas pelo psiquiatra Jeffrey Schwartz, professor e pesquisador da
University of California em Los Angeles (UCLA), comprovaram aquilo que todos
nós já percebemos na prática: "o cérebro humano é resistente a
mudanças".
O novo nos assusta!
Segundo Dr.Jeffrey, "os
cérebros são programados para enviar mensagens de alerta quando algo fora do
comum acontece, sinais de detecção de erros são gerados e emoções como
irritabilidade e medo são disparadas, comprometendo a capacidade de raciocínio
lógico".
É mais ou menos como
aquele ditado: se pintar o capim de azul o cavalo morre de fome. Qualquer
mudança no roteiro do dia a dia é o suficiente para entrarmos em parafuso!
O resultado disso
pode ser notado em padrões, respostas semiautomáticas, dificultando assim o
desenvolvimento de novas conexões neurais. Com isso, a maneira de pensar fica
cristalizada, enrijecida.
Isso é preocupante,
pois a vida é repleta de surpresas! Muitas vezes, ela se torna em uma jornada
inesperada. E pelo visto o cérebro tem aversão a esse tipo de coisa.
E o que dizer das
boas novas do evangelho? Que vem justamente anunciar uma novidade de vida que
nem olhos viram, nem ouvidos ouviram e nem chegou ao coração do homem (1
Coríntios 2:9).
Não é a toa que o
apostolo Paulo afirma que não devemos nos conformar com este mundo, mas
transforma-lo pela renovação do nosso entendimento (Romanos 12:2).
Ao romper com o
conformismo de pensamento, a maneira de pensar deixar de ser cristalizada para
ser Cristoalizada. Eu diria que esta Cristoalização é um processo contínuo, resultado da
renovação do nosso entendimento que, a saber, ocorre em todo novo amanhecer,
graças às infinitas misericórdias do Senhor que se renovam (Lamentações
3:22-23).
Como dizia o maluco
beleza, Raul Seixas: "eu
prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre
tudo."
Os pensamentos deixam
de ser reféns da nossa cosmovisão, que é a visão particular que temos sobre o
mundo, e passam a ser levados cativos a obediência de Cristo (2 Coríntios
10:4-5), tornando- se assim em um organismo vivo em constante mutação. Capaz de
se reinventar e se adaptar em qualquer cenário circunstancial.
Cada demanda da vida
exige uma análise específica e uma resposta personalizada. Porém, é mais cômodo
se deixar guiar pela visão particular que temos sobre o mundo e permitir que
ela padronize as respostas.
A maneira como
percebemos o mundo é resultado de nossas experiências. É a partir delas que
construímos uma representação única da realidade. As percepções são registradas
pelo nosso sistema nervoso e servem como pano de fundo para a construção de
comportamentos que sejam adequados ao ambiente externo. É assim que
desenvolvemos a nossa cosmovisão.
A questão é que temos
uma Mente que mente e nem sempre a representação sobre a realidade corresponde
de fato à realidade. Isso ocorre porque nossos registros internos refletem a
percepção que tivemos sobre determinados eventos e não exatamente como eles
aconteceram.
É justamente para não
cairmos nesta "armadilha" da mente que Jesus nos orienta para que
antes de segui-lo, devemos abandonar nossa casa (Mateus 19:29).
Não se trata aqui de
algo literal, mas sim de uma representação mental simbólica que interfere na
vida do indivíduo, fazendo com que este seja tendencioso a replicar
comportamentos caseiros em meio ao mundo a fora, colocando assim em risco a
caminhada da jornada.
Ora, são cenários
completamente diferentes! O que dá certo em casa, não necessariamente dará
certo em outro local. Isso é pensar fora da caixa! Cada cenário traz consigo
suas peculiaridades, sejam elas culturais, sociais, políticas, econômicas, religiosas
e etc..
Essa lógica é
tranquilamente aplicada em qualquer área da vida: casamento, vida profissional,
ministerial, relacional, familiar. Cada pessoa ou situação é um universo a
parte. Sempre existirão similaridades, mas no final nenhuma pessoa ou situação
é idêntica a uma outra, dado as variáveis de cenário, tempo, contexto, maneira
de pensar e agir.
A mente de Cristo
convida-nos constantemente a abandonar as "receitas de bolos
existências" para mergulhar de cabeça em toda complexidade do universo humano.
Fazendo compreender que cada caso é um caso, respeitando o próximo e entregando
a ele uma resposta sob medida que de fato irá saciar seus anseios existenciais.
Esta maneira de
pensar está diretamente ligada ao processo de humanização que todos nós estamos
sujeitos. Ser mais humanos e menos máquinas. Por isso somos a imagem e
semelhança de Deus, pois ELE sendo Deus se esvaziou e tomou a forma de homem
através da pessoa de Jesus Cristo e nos deixou a referência plena de
humanização (Filipenses 2: 5 -8).
Infelizmente o que se
tem visto hoje são mentes preguiçosas, conformadas com este mundo. Não querem
colocar o tico e teco para funcionar. E os efeitos
colaterais deste tipo de conduta são gravíssimos, principalmente nas igrejas.
É mais fácil atribuir
a todos os problemas existentes como sendo de causas espirituais. E o que se
tem visto hoje nas igrejas são dois tipos de respostas padronizadas: diabo e
pecado.
Ou a pessoa está endemoninhada ou está com algum pecado oculto. Existem aqueles
que assim respondem por ignorância por ainda não terem conhecido a verdade, mas
infelizmente muitos líderes usam este tipo de resposta de forma proposital, a
fim de manter o humilde de coração na ignorância e sugar dele até a última
moeda.
Isso está com os dias
contados! O destino para tudo àquilo que não se aperfeiçoa e insiste em ficar
paralisado no tempo, estagnado, padronizado é endurecer e uma vez endurecido
vem abaixo. Não fica pedra sobre pedra!
Essas estruturas de
pensamentos passam e acaba dando lugar para uma forma de pensamento
fundamentalizada na mente de Cristo, aberto para as surpresas da vida! Onde se
é possível ver graça até mesmo na desgraça, ver oportunidade em meio à
calamidade e extrair lições aprendidas de qualquer evento. Caminhando de glória
em glória até alcançarmos a estatura da perfeição.
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Referência Bibliográfica:
A Elite do Coaching no Brasil - Neurocoaching: Como o Coaching Interage com seu cérebro; páginas 50 e 51.
A Elite do Coaching no Brasil - Neurocoaching: Como o Coaching Interage com seu cérebro; páginas 50 e 51.
3 comentários:
Gostei do ar empirista que fala sobre a percepção pela experiência, penso por aí tb, abandonar nossa a casa é contestar-se, talvez assim, quem sabe, possamos um dia alcançar o estado de Espírito de um cristo. Nossas ideias podem ser nossa parentela que resiste a mudanças.
Adorei a forma como você aborda a área psíquica fazendo uma interconexão com o evangelho e a psicologia, que para muitos são assuntos completamente opostos. Na sua dissertação é nítido como todos as coisas estão interligadas e se o preconceito deixasse espaço para a sabedoria teríamos um resultado excelente para a saúde mental e espiritual.
Show de bola! Eu queria tanto ter um irmão assim... Rs rs
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