Talvez você já tenha se perguntado por que certas oportunidades nunca se abriram para você. Não estou aqui para justificar fracassos ou aliviar culpas, mas para refletirmos juntos sobre situações em que o seu não acesso pode ter sido, na verdade, uma medida preventiva de Deus, justamente porque Ele conhece o seu coração melhor do que você mesmo.
Costuma-se dizer que o poder corrompe,
mas, na verdade, o poder apenas revela o que já habita no interior. E é
exatamente por isso que quero falar sobre o maior e mais importante dos
acessos: o acesso à Presença de Deus.
Por exemplo, Deus não me recebia
em Sua Presença enquanto eu ainda era escravo do pecado. Como lemos em Isaías
59:1-2:
"Eis que a mão do Senhor não
está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para não
poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso
Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos
ouça."
A questão que surge é: o que o
acesso irrestrito a Ele produziria em mim? Qual seria a motivação do meu
coração? Provavelmente, um coração corrompido pelo pecado reagiria da mesma
forma que Lúcifer. Ao contemplar a glória, não se prostraria, mas tentaria
usurpar. Desejaria ser igual a Deus, não para adorá-Lo, mas para ocupar o Seu
lugar.
O ponto central é este: Deus me
priva da Sua Presença, não por falta de amor, mas por cuidado. Há um grande
risco de que, nessa condição, eu queira instrumentalizar Deus para satisfazer
meus próprios interesses. Essa é a essência de um coração não redimido diante
da santidade. Ele não se rende, tenta usurpar. Quer ser deus para ter poder e
dominar.
A restrição de acesso à presença
de Deus, enquanto o coração não foi transformado, não é punição, mas proteção.
Essa restrição não tem relação
direta com mérito ou merecimento, afinal, sempre foi tudo pela Graça. Mas está
relacionada à consequência inevitável de um coração não redimido ao se deparar
com a beleza da santidade de Deus.
A minha condição não permitia que eu fosse até Deus. Por isso, Ele veio até mim.
Aqui está o escândalo da Graça:
ela se manifesta tanto no acesso que temos a Deus, quando somos resgatados por
Ele, quanto na barreira que o próprio Deus estabelece enquanto ainda éramos
escravos do pecado.
Ambos são expressões do mesmo amor e entender isso faz o seu coração navegar nas águas do amor do Pai.
Uma vez redimidos, esse acesso
nos transforma de glória em glória, até que sejamos conformados à imagem de
Cristo e plenamente humanizados. Já a restrição desse acesso, enquanto ainda
perdidos, é uma medida preventiva da própria Graça, para que não sigamos o
mesmo caminho de Lúcifer e queiramos tomar para nós a glória que pertence
somente a Deus e, assim, nos luciferizarmos.
Em Cristo, Deus abriu o Caminho
para que, em humildade, possamos renunciar à pretensão de sermos o que não
somos e abraçar o processo de santificação. Esse é o caminho que culmina na
verdadeira individuação: sermos plenamente quem fomos criados para ser, em
Cristo.
Como Paulo afirma: "Tendo sido, pois,
justificados pela fé, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus
Cristo, por intermédio de quem obtivemos igualmente acesso, pela fé, a esta
graça na qual estamos firmes; e nos gloriamos na esperança da glória de
Deus." Romanos 5:1-2
Agora, justificados e com acesso pela Graça, podemos "segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor." Hebreus 12:14
Esse é o convite do Evangelho:
abrir mão do orgulho, abraçar a Graça e nos tornarmos verdadeiramente humanos,
à imagem de Cristo.
Graças te dou Senhor pelos acessos negados!
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